Na teoria junguiana, a regressão da libido é um retorno a atitudes prevalecentes em estágios anteriores do desenvolvimento psíquico, que ocorre mediante a reativação de complexos infantis.
Em outras palavras: é quando o indivíduo passa a aplicar a energia psíquica (libido) de modo retroativo, por não dispor de vontade suficiente para enfrentar os desafios atuais da vida. Assim, a libido não sendo empregada conscientemente para um objetivo específico, seu movimento é direcionado regressivamente, acionando um modo de adaptação infantil por ser o mais fácil ou cômodo (princípio do menor esforço).
A regressão da libido decorre, portanto, da hesitação ou medo do indivíduo diante de uma atual adaptação necessária que lhe exige certo esforço.
No processo natural de crescimento e adaptação, quando o indivíduo se depara com um forte obstáculo mas o medo da superação prevalece, a libido estagna e tende a regredir, ativando reminiscências infantis inconscientes que, então, passam a ser reelaboradas e transformadas em fantasias traumáticas.
Segundo Jung, o mecanismo de regressão da libido a estágios infantis é anormal e está na raiz etiológica de muitos distúrbios psicológicos; concluindo, inclusive, que o conflito patogênico está sobretudo no presente e não nas reminiscências infantis.
Todavia, de acordo com Jung, não podemos negar o valor teleológico dos sintomas psíquicos, uma vez que são “inícios de espiritualização e procura de novos caminhos de adaptação”.
“O retrocesso para o infantil não significa apenas regressão e estagnação, mas também possibilidade de descobrir um novo plano de vida. A regressão é, na verdade, uma condição básica do ato de criação!” OC 4, § 406
Portanto, no processo psicoterapêutico é importante investigar, a nível de consciência: quais obrigações atuais o(a) paciente não quer cumprir e/ou quais as dificuldades que vem tentando evitar; quais as tarefas de adaptação ele(a) precisa executar no momento presente. Isso porque, de acordo com Jung:
“O que mais impede novos progressos na adaptação psicológica é o apego conservador ao antigo, ou seja, às atitudes primitivas. O homem não pode simplesmente conservar inalteradas sua personalidade antiga e seus obetos de interesse do passado, caso contrário sua libido estagnaria no passado, o que seria um empobrecimento para ele.” OC 4, §350
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